Blog de GALVÃO

Que tal se a gente pensasse mais um pouco todas as vezes que alguém nos comparasse com alguma coisa? Mesmo que fosse com um caroço qualquer? Será que não seria melhor que a gente, primeiro, analisasse o conteúdo de tal comparação, antes de se diminuir, na maioria das vezes, abaixo da coisa a qual a gente foi comparada. Ainda mais, será que quem compara alguém a alguma coisa, conhece verdadeiramente a coisa comparada? Todas essas perguntas feitas, isoladamente ou em bloco, nos levaria, certamente, a pensar duas vezes antes de nos sentirmos como a coisa a nós comparada.

Tomemos como exemplo, o caroço de manga chupado. Para que serve um caroço de manga chupado? Logo de pronto, alguém poderia dizer: Não serve para nada! Outro diria: serve pra se jogar no lixo ou para virar comida de porco. Mas quem sabe um terceiro não diria: serve para se transformar novamente em manga! Isso mesmo! Um caroço de manga chupado serve para perpetuar a espécie da mangas. E você quer serventia melhor? O velho caroço de manga, depois de chupado, depois de lhe arrancarmos aos dentes, todas as suas fibras, ainda encontra forças para renascer e nos presentear com outras mangas, que, após serem chupadas e virarem caroços de mangas chupadas cumprirão o mesmo ritual da que lhe deu origem.

Por isso, caro leitor, quando lhe chamarem de caroço de manga chupado, não fique a procurar predicados fúteis como que para justificar a acusação. Mas, antes, pense no quanto é bonito poder ser útil em todas as etapas da vida. No quão importante é aquele ou aquela que tem o dom de refazer a vida. De fazer como que, do nada, o milagre da reprodução e da continuidade das espécies. Se ser um caroço da manga chupado significa estar pronto para dar a vida pelo outro, então seja um caroço de manga chupado! E por que não? Escrito por GALVÃO FREIRE